Escola Superior de Tecnologia do Barreiro
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- Barreiro, Barreiro, Portugal
- Ano
- 2007
O lote previsto para a Escola localiza-se nos subúrbios da cidade do Barreiro. São territórios rurais invadidos por construções recentes que intersectam hortas e canaviais. Dada a predominância de habitação, sem que tenha sido prevista a integração de outras funções, este bairro é actualmente um dormitório com pouca vida urbana. O terreno é contudo bastante interessante: é amplo, com uma pendente suave e bem relacionada com a sua configuração – desnível de 4m entre perímetro a norte e sul – e possui, num dos seus extremos, uma mata densa de sobreiros e pinheiros de porte considerável.
Há projectos que suscitam reacções públicas mesmo antes de existirem. E por vezes é aí que encontram boa parte da sua matéria de reflexão. Esta escola é disso um exemplo. Os moradores do “bairro“ envolvente manifestaram-se contra a sua construção porque pretendiam uma Escola do ensino Básico – transferida para outro local – mas também motivados pelo receio do impacto visual de um edifício de grandes proporções e prevendo que seriam abatidas árvores. Decidiram então contar e marcar todas elas uma a uma.
Procurámos conferir ao edifício um carácter ambíguo. Por um lado "dissipa-se" e aceita a prevalência dos elementos naturais, e por outro, assume a sua presença como elemento artificial, de carácter abstracto. Este princípio é sublinhado pelas opções construtivas: grande bloco antracite, que ao ser seccionado, revela um interior branco.
A arquitectura assume num dos extremos do edifício um carácter mais topográfico, em que não se percebe onde realmente começa e acaba a envolvente e um lado oposto com o seu limite mais presente, definido pelo alinhamento dos topos dos diferentes corpos do edifício.
O edifício posiciona-se no centro do terreno, reservou-se o terço a norte para estacionamento e entrada principal, e, a sul a mata deixa de ser uma faixa localizada, estendendo-se agora em redor e sobre o edifício. Do conjunto, ergue-se em altura um corpo do edifício – a zona de docentes – que marca a sua presença a distâncias maiores e configura um novo sinal urbano.